domingo, 26 de outubro de 2014

Microconto - Tráfico

 Estado de São Paulo...


- E aí meu mano! Tem aquela fita boa aí hoje?

- Hoje eu só tenho de 10. Vai querer?

- Sim.

- Com gás ou sem gás ?


Ferr

sábado, 9 de agosto de 2014

Os menores microcontos - histórias para ler em 15 segundos

O Microconto ideal é aquele que tem de 160 caracteres para menos.
Ele não é piada, mas pode conter humor e fazer rir. Assim como pode ser político, filosófico ou romântico.

A perspectiva do microcontista é que quanto mais coeso e menor for o texto para descrever uma narrativa, melhor será.

Então, fiz uma sequência com alguns dos meus pequeninos microcontos.


1 Gula


Ele queria ter comido mais, mas acabaram as camisinhas.

2 - Fuzilamento

Resolveram fuzilar todos os sentimentos. A Esperança era a ultima da fila.

3Silicone

Kelly estava louca pra "inaugurar" os seios novos. Chamou cinco amigos para a estréia.



Jonathan Ferr


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Conto - A EREÇÃO

   Carlos era um homem muito bonito, inteligente e charmoso. 
Possuía um ótimo emprego e era bem sucedido em tudo o que fazia. 
Uma fila de lindas mulheres o desejavam onde quer que fosse. 
Permitindo-o escolher com que gostaria de se relacionar.
   
   No entanto ele guardava um segredo. A vida havia lhe pregado uma grande peça. 
Com tantos atributos, ele não conseguia o principal… Ter uma ereção. 
Carlos era heterossexual e se sentia atraído por mulheres, mas suas ereções raramente ocorriam. Quando aconteciam, duravam pouquíssimo tempo.
Mesmo tendo ido a vários médicos, ninguém conseguia resolver seu problema. Algo que atrapalhava muito a continuidade de todos os seus relacionamentos.
  
   Um dia, Carlos conheceu Júlia. Ficou completamente apaixonado.
Para não perder a mulher amada, bolou um plano. Comprou um consolo e conseguiu convence-la a só fazer amor com as luzes apagadas. Com um pouco de artimanha e jeito, o plano funcionou. E logo se casaram.

Após 10 anos de casados, Júlia cansou-se daquela situação. Tomou uma decisão drástica… Acendeu as luzes no meio da relação. 

Quando o breu se desfez, veio a supressa e a fúria feminina.

- Carlos! O que significa isso? Seu brocha! Então é por isso que me fazia apagar as luzes sempre?? Tem me enganando esse tempo todo ?? 
Você vai ter que me dar muitas explicações e terá quer ser agora!  Já!

Carlos calmamente se sentou na cama, olhou fundo nos olhos dela e disse:

- Explico sim. Mas só depois que você me explicar sobre nossos dois filhos.







domingo, 27 de julho de 2014

5 MICROCONTOS

MICROCONTOS

O que são Microcontos? 
São narrativas diretas com o mínimo de caracteres possíveis. O ideal é que sejam de 160 para menos.

Eis aqui alguns dos meus microcontos que brevemente sairão em um livro com meu parceiro e grande escritor Fábio Soriano.

1 - Lembranças

Ela pensava sempre em seu namorado assassinado brutalmente.
Principalmente, aos domingos, quando via suas colegas de cela recebendo seus companheiros.

2 - Feed de noticias 

Frustrado, ele postou no Facebook que sua mulher o traíra naquela noite.
47 pessoas curtiram.

3 - Crack

Ele largou o emprego, e investiu tudo no crack.
Em um mês era o traficante mais bem sucedido de sua região

4 - O solo

Cansado da exploração daquele bar, ele fez diferente naquela noite. 
Após um solo de blues, quebrou a guitarra ao chão.
Todos vaiaram. Menos um tal de Hendrix que aplaudia de pé a performance.

5 - Chantagem 

Carlos é muito culto, rico e casado.
Um dia lhe chega uma carta com fotos reveladoras, e um recado:
"Quero dinheiro ou te acuso de traisão"
Ele sentou desorientado, se indagando: 
- Como alguém era capaz de escrever "traição" com S ? 


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Conto - O Gênio da favela


  Nossa história começa no Rio de Janeiro, em alguma favela carioca. Num dia comum como outro qualquer. Alguns cidadãos, descobrem uma garrafa magica em um terreno baldio. Onde os mais velhos supersticiosos, diziam haver um gênio. Parecido com o da história do Aladdin. 
Esta garrafa era na verdade uma garrafa de cachaça, um tanto antiga. Suja e aparentemente vazia. 

Ansiosos eles a esfregam freneticamente. Alimentados pela vontade de finalmente terem seus sonhos realizados. Alguns diziam:

- Agora finalmente minha vida vai mudar!

 Outros indagavam:

- Será que esse gênio é algum pai de santo?
- Lógico que não imbecil. Como um pai de santo iria caber em uma garrafa dessas?

   A multidão já começava a se aglomerar em volta da tala garrafa.  Eles esfregavam, cutucavam, assopravam e até faziam carinho. Quando estavam descrentes e quase desistindo, um cheiro forte da bebida exalou em meio a uma imensa fumaça. O cheiro não vinha da garrafa e sim da boca do gênio alcoólatra. E a Fumaça,  não era um símbolo mítico da aparição da figura magica, e sim o resultado de um monte de esbaforidas mal cheirosas de um charuto que mais parecia fumaça dos carros antidengue.

- Mas que cheiro é esse? Parece que morreu alguém!

Comentou um dos pedintes.

   Quando a fumaça diminuiu, veio a surpresa. O Gênio não era um homem alto, musculoso e com aquela voz grave e imponente como nas histórias do Aladdin. Muito menos apareceu dizendo três pedidos. 

No lugar do gênio mítico, surge um senhor baixinho, mulato, com uma "barrigudinha de cerveja" e bêbado. 
Com a voz meio embargada e em meio a soluços, o gênio disse:

- Alguém sabe onde consigo mais dessa cachaça? Ja tá no "firnazin". 

Perplexos e irritados, os pedintes indagavam:

- Mas que raio de gênio bêbado é esse? 

- Esse aí já está pra lá de Bagdá!

- Gênio Cachaceiro!

- Não me chame e cachaaaa- ceiro não dona, porque eu tenho nome. - Retrucou o gênio.

- Você não é o gênio da lâmpada? Temos uns pedidos!

- Ahhh... A velha história dos- up-  pedidos. Achei que essa moda já tinha passado. 

Irritados, os moradores se aglumeravam e ameaçavam iniciar um linchamento do pobre gênio. 

- Lhes concedo um pedido. Apenas um pedido para todos. Afinal minha missão neste mundo é dar alegria. E troca, vocês me arrumam uma cachacinha.  Digam logo, o que vocês querem?

Com unanimidade os pobres favelados disseram quase em coro:

- Dinheiro! Muito dinheiro!

E num estalo, muitas, e muitas notas de 50$, 100$ apareceram. Foi uma pega daqui, pega de lá. Vizinhos se esbofeteando. Carros que passavam por perto paravam seu veículos pra pegar um pouco do dinheiro que não parava de aparecer. A noticia se espalhou rápido. Em poucos minutos, toda a favela estava aos tapas, na disputa pelo dinheiro. 

Zunidos dos camburões da policia anunciaram a sua chegada. Pronto! Pretos, pobres e muito dinheiro junto, O que se faz??

- Mete o cassete nesses favelados. 
    
A policia como boa perita no famoso "Bate primeiro, pergunta depois", distribuíam murros, cassetadas, tiros pro alto, enquanto catavam um pouco do dinheiro que restava no chão.
Depois do corre corre, a pergunta.

-De onde veio todo esse dinheiro?

Alguém disse:

- Foi aquele cara que dizem que ser o gênio!

 Tadinho do gênio! E lá se foi ele preso e algemado por desordem, roubo, desacato, pilantragem, vadiagem, e tudo quanto conseguissem empurrar no pobre diabo. 

- Você vai ter que se explicar  muito o bebum. - Disse um dos policiais!

 O gênio arrependido de ter saído da tal garrafa, ia dizendo:

- Mas porque tudo isso? eu só queria beber uma cachacinha, e dar um pouco de felicidade a esse povo tão carente.
    
Eis que o policial argumentou:


- Que felicidade o que seu bebum?!! E onde  já se viu favelado feliz?




By Jonathan Ferr